O Governo de Sergipe, por meio da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, Sustentabilidade e Ações Climáticas (Semac), deu início à 5ª Conferência Estadual do Meio Ambiente de Sergipe (Coema) na manhã desta quarta-feira,19. O evento, realizado no prédio da Didática 7 da Universidade Federal de Sergipe (UFS), tem como tema ‘Emergência Climática: o desafio da transformação ecológica’ e conta com diversas ações ao longo do dia, como palestras, discussões sobre eixos temáticos, eleição de delegados e validação das propostas, que seguirão para a etapa nacional.
A Conferência busca contribuir para o conhecimento e difusão da emergência climática, consolidando as preferências da sociedade em uma agenda de mitigação compatível com o objetivo global de limitar o aumento da temperatura a 1,5ºC, além de promover a transformação ecológica em Sergipe. Esta etapa estadual contribui para que medidas de adaptações sejam adotadas pelos municípios, incentiva a ampla participação de populações e territórios em situação de vulnerabilidade climática nos diálogos sobre as medidas de adaptação às alterações climáticas, e elege delegados para a etapa nacional da 5ª Conferência Nacional do Meio Ambiente (CNMA).
Através de envolventes intervenções artísticas, o evento foi iniciado levando o público presente à reflexão sobre as condições climáticas de Sergipe. A apresentação teatral do grupo ‘Minha Terra é Ará’ destacou a importância dos biomas regionais e as mudanças do meio ambiente nos últimos anos. Logo em seguida, foi a vez da apresentação de samba de roda pelo grupo Quilombo Lagoa do Junco, remanescente de quilombo do município de Poço Verde, que encantou a plateia com a expressão cultural.
Representando o governador Fábio Mitidieri, o vice-governador Zezinho Sobral aproveitou a oportunidade para enfatizar a importância da união com os municípios para a construção de programas que possam garantir a sustentabilidade. Para ele, a Conferência é uma sinalização positiva para a possibilidade de manutenção do crescimento e desenvolvimento do estado, mas com a garantia de que os municípios possam ser protagonistas nas suas ações de preservação do meio ambiente.
“Esse é um momento importante de fortalecimento de uma política pública atuante, com ações concretas e investimentos. Temos a determinação de trazer uma construção positiva no desenvolvimento e na sustentabilidade de Sergipe, onde a política ambiental está presente e é uma realidade. Desejamos muito que encontrem as soluções adequadas para que possamos garantir a preservação do nosso patrimônio ambiental às gerações futuras, mas sem esquecer que precisamos nos desenvolver”, detalhou o vice-governador.
A secretária estadual do Meio Ambiente, Sustentabilidade e Ações Climáticas, Deborah Dias, destaca que a Conferência é o momento de alinhamento de políticas públicas, fortalecimento do engajamento social e busca por soluções integradas que atendam às necessidades do estado de Sergipe. “Conseguimos unir representantes de toda a população sergipana para discutir um tema tão importante. Sergipe é o primeiro estado do país a realizar a Conferência em 2025 e isso é uma grande conquista. Estamos à frente, com ampla participação, demonstrando a nossa responsabilidade e preocupação com o meio ambiente, além de fortalecer cada vez mais a gestão”, reforçou a secretária.
Representando o Ministério do Meio Ambiente e Mudanças do Clima (MMA), o diretor de Combate à Desertificação, Secretaria Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais e Desenvolvimento Rural Sustentável (SNPCT), Alexandre Henrique Bezerra Pires, participa do evento. “Sergipe tem um desafio enorme nessa Conferência, assim como diversos estados litorâneos do Brasil que possuem vários tipos de biomas. Sergipe tem mar, estuário, manguezais, mata atlântica e caatinga, e isso requer um cuidado e uma atenção gigantesca sobre os resultados dessa Conferência. Isso traz a oportunidade de aprendizado e troca de experiência sobre os desafios com outros estados”, detalhou.
A palestra de abertura foi conduzida pela coordenadora-executiva adjunta regional Nordeste do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas (FBMC), Fabiana Couto. Ela levou um contexto abrangente sobre mudanças climáticas, abordou o que são efetivamente as mudanças climáticas, como elas têm nos afetado e quais são os cenários, tanto globais quanto locais, com ênfase na região Nordeste.
“A nossa discussão nos leva a pensar formas de conseguir implementar maneiras para evitar maiores impactos. Essa implementação inicia nos municípios, vem para o âmbito estadual e segue para o federal. É o melhor caminho para toda essa discussão climática, que é uma temática multidisciplinar e multissetorial”, explicou.
O evento conta ainda com a presença de representantes de prefeituras, setor empresarial, comunidade acadêmica e organizações da sociedade civil.
Propostas ambientais
Com o objetivo de promover discussões, análises e reestruturações de forma colaborativa, a Conferência também realizou mesas redondas com debates relativos a cinco eixos temáticos: Mitigação; Adaptação e preparação para desastres; Justiça Climática; Transformação Ecológica; e Governança e Educação Ambiental. Na oportunidade, os grupos de trabalho elaboraram cerca de dez propostas por eixo, que serão apresentadas durante a plenária final.
Givanildo Santana, representante da comunidade Ribeirinha do São Braz, em Nossa Senhora do Socorro, é um dos integrantes dos grupos de trabalho. “Os mangues são o berço de quase toda a vida marinha, visto que 80% da vida marinha nasce ou passa pelo manguezal. Sou de uma comunidade tradicional de pescador, onde tiramos o nosso sustento da pesca, e venho impulsionar essa discussão sobre a limpeza dos manguezais, além do bom tratamento do esgotamento para não prejudicar nosso ecossistema”, pontuou.
Após as apresentações, por meio de votação, os participantes da conferência irão selecionar quatro propostas de cada eixo, totalizando 20 propostas, que serão encaminhadas à Conferência Nacional do Meio Ambiente (CNMA). O evento será finalizado no final da tarde com a eleição de 30 delegados entre os 200 participantes, para representar o estado na etapa nacional, a ser realizada no mês de maio, em Brasília (DF).
Sobre a Conferência
A 5ª Conferência Estadual do Meio Ambiente é um processo participativo que promove um amplo diálogo sobre a temática da emergência climática e apresenta propostas para dar subsídios às políticas públicas ambientais.
Desde novembro do ano passado, o Estado de Sergipe, através da Semac, auxilia os municípios na realização de mais de 50 Conferências municipais, intermunicipais e livres, que são etapas preparatórias à Conferência Estadual.